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Naviraí - MS,09/05/2025

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Denúncia ao MPF pede suspensão temporária da cobrança do pedágio no MS

Os 845 km da BR-163 em Mato Grosso do Sul contam atualmente com nove praças de pedágio implantadas pela CCR MSVia

DIVULGAÇÃO
Denúncia ao MPF pede suspensão temporária da cobrança do pedágio no MS

MIDIAMAX

Denúncia encaminhada ao MPF (Ministério Público Federal) pede a suspensão temporária da cobrança do pedágio na BR-163 em Mato Grosso do Sul. A Comissão Temporária para Acompanhamento do Processo de Relicitação BR-163/MS também pediu a investigação da CCR MSVia, bem como a suspensão do leilão marcado para 22 de maio. Este é o segundo pedido de suspensão da cobrança protocolado no primeiro semestre de 2025.

No documento apresentado na sessão desta terça-feira (15), os deputados apontam a captação de recursos para a BR-163/MS entre 2014 e 2017. Somam montante de quase R$ 4 bilhões para a CCR MSVia.

Contudo, os investimentos na rodovia que corta MS somam R$ 1,9 bilhão entre 2014 e 2023. “Um valor bem inferior ao captado”, destacaram na denúncia.

Além disso, apontam grave descumprimento do contrato original, inexecução e inadimplência reconhecidas por órgãos de controle — como o TCU (Tribunal de Contas da União), acordo de TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) Multas em prejuízo do interesse público e uma resolução da ANTT ignorada. Também afirmam que a repactuação descaracteriza completamente o objeto da concessão, precedente institucional gravíssimo e que estudos técnicos indicam viabilidade do contrato original.

Suspensão

Por isso, solicitam a “suspensão imediata do leilão de repactuação da Concessão da BR-163/MS, previsto para ocorrer na B3 em 22/05/2025, até que sejam esclarecidas todas as irregularidades”.

A investigação da CCR MSVia para apuração de recursos obtidos por meio de financiamento público (BNDES, Caixa, etc.) e a destinação deles. Bem como levantar os valores efetivamente investidos pela CCR MSVia, separando CAPEX (investimento em infraestrutura) e OPEX (custos operacionais).

O pedágio deve ser suspenso temporariamente, defendem os parlamentares. “Senão, ao menos a redução no patamar inicialmente determinado pela própria ANTT em razão do descumprimento do cronograma de obras”.

Porém, o pedido vale “até que se tenha o devido esclarecimento sobre os pontos apontados na presente denúncia/representação”.

Também são solicitações dos deputados na denúncia:

  • Verificar a inadimplência da concessionária em relação ao contrato de concessão original;
  • Atualizar o valor do excesso tarifário não aplicado e das multas perdoadas ou compensadas via TAC Multas;
  • Recomendar que eventuais valores recuperados sejam destinados à realização de obras de travessia urbana nos municípios mais afetados por acidentes e mortes na rodovia;
  • A determinação de cumprimento integral do Contrato de Concessão nº 05/2013;
  • Retomada das obras previstas no escopo original, especialmente a duplicação dos 656,3 km restantes, tendo em vista a demonstração de viabilidade técnica e financeira nos estudos anexos ao processo do TCU;
  • A apuração de eventual responsabilidade civil, administrativa e penal, se for o caso;

Denúncia aponta perigo

Os parlamentares alertam o MPF sobre os perigos que cercam a rodovia. “A falta de duplicação da maior parte da rodovia, a ausência de acostamentos em diversos trechos, a sinalização precária e a negligência na manutenção da via são fatores que contribuem decisivamente para esse cenário de insegurança”, apontam.

Assim, destacam que “a infraestrutura deficitária da BR-163/MS expõe diariamente milhares de motoristas a riscos evitáveis, configurando grave violação do dever contratual de garantir a segurança dos usuários”.

Segundo pedido de suspensão

Condições precárias, risco à vida de motoristas que trafegam na BR-163 em Mato Grosso do Sul, lucros e repasses bilionários para a CCR MSVia estão entre apontamentos de indicação enviada ao ministro dos Transportes, Renan Filho. O documento protocolado na Câmara dos Deputados, no Congresso Nacional, questiona a cobrança de pedágio na rodovia no Estado e pede a suspensão da prática.

Em 11 de fevereiro, o deputado Junior Mochi (MDB) apontou repasse de R$ 3,9 bilhões à CCR. Além disso, informou que a empresa responsável pela rodovia já faturou R$ 3,6 bilhões com pedágios.

Os apontamentos na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) chegaram até o Congresso Nacional, por meio de indicação do deputado Marcos Pollon (PL). Para o parlamentar, “o valor de repasses é ‘exorbitante, considerando que o estado atual da rodovia e os serviços prestados pela concessionária estão longe de atender aos padrões exigidos pelo contrato de concessão”.

Cobrança pode subir

Mesmo com faturamento bilionário e repasse estimado de R$ 3,9 bilhões, o preço do pedágio pode subir e impactar o bolso dos condutores. Os 845 km da BR-163 em Mato Grosso do Sul contam atualmente com nove praças de pedágio implantadas pela CCR MSVia, com valores que variam entre R$ 6,20 e R$ 9,40. Mas o preço pode subir significativamente nos próximos anos e chegar ao teto de R$ 15 por praça.

A boa notícia, ou acalento, é que o reajuste ao máximo só ocorre se a concessionária cumprir com o compromisso de duplicação. Com a repactuação do contrato no TCU (Tribunal de Contas da União), fica estabelecido que o preço do pedágio só aumenta se as obras previstas forem entregues.

A decisão do Tribunal estende o contrato com a concessionária até 2054 — 10 anos a mais do que o inicialmente previsto.

Apenas em 2024, foram R$ 229 milhões em arrecadações provindas de pedágio. A empresa alcançou o valor após repactuação do contrato com a CCR MSVia.

‘Rodovia da morte’

Levantamento realizado pelo Midiamax em dezembro apontou ao menos 13 mortes ao longo dos 845 km da BR-163 em Mato Grosso do Sul. A reportagem considerou 19 dias para análise. Em média, uma pessoa morre a cada 35 horas na ‘rodovia da morte’, como é conhecida há décadas.

Os números chocam e expõem a necessidade urgente de duplicação da rodovia. Importante destacar que o número de mortes pode ser ainda maior, visto que o levantamento tem base em notícias publicadas no período.

Assim, há décadas, quem trafega pela rodovia sonha com a duplicação do trecho que corta Mato Grosso do Sul e é rota de famílias e cargas.

Sonho esse que chegou perto de se tornar realidade em 2014, quando a concessão privada se tornou responsável pela via e houve duplicação dos primeiros quilômetros.

Porém, passados 10 anos, apenas 150 dos 845 km da BR-163 receberam pista adicional para tráfego de veículos. Em contrapartida, o fluxo de veículos aumentou exponencialmente. Soma de fatores que resultam em expressivos acidades e mortes.




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